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Em 2022, matéria publicada pelo jornal A UNIÃO, fazia referências a cemitérios de bexiguentos. “A história é contada no livro ‘A morte desprezível’, lançado pela equipe do Laboratório de Arqueologia e Paleontologia da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), que já havia catalogado 25. Além de valorizar a memória dos falecidos, o grupo pretende estudar os restos mortais para buscar possíveis identificadores ou marcadores das doenças que levaram tantas pessoas à morte.
No final do século XIX e início do século XX, as pessoas com doenças infectocontagiosas não eram sepultadas nos cemitérios municipais e nem nas igrejas. Ainda doentes, eram obrigadas a se isolar dentro do mato para evitar o contágio dos demais e, quando morriam, um doente enterrava o outro. No sítio Muquém, município de Mãe d’Água, uma estrutura do tipo está sendo motivo de pesquisa, a partir de uma visita feita pelos secretários de Comunicação, Cultura e Turismo, na última quinta-feira, 10 de abril de 2025.
O paleontólogo e arqueólogo Juvandi de Souza Santos, explica que muitas doenças deixam marcas profundas nos ossos, a exemplo da tuberculose. “Nós vamos buscar esses marcadores e identificar, de fato, as causas das mortes dos que foram sepultados nesses locais. Só com a exumação e escavação arqueológica é que teremos condições para isso”, explica. As escavações vão permitir o acesso aos fragmentos de ossos humanos para que sejam feitas as análises. O projeto de pesquisa contou com dois bolsistas do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e foi finalizado com a publicação do livro ‘A morte desprezível’. Nele, o professor fala sobre as epidemias no mundo, onde surgiram as principais doenças. Há ainda um capítulo que aborda a questão da arqueologia desses cemitérios e a sua importância para se buscar os marcadores.
Mesmo com o passar do tempo, alguns “cemitérios de bexiguentos” ainda existem pela Paraíba, todos isolados em áreas de difícil acesso. Esses locais são considerados sítios arqueológicos históricos e, além dos 25 catalogados, ainda há muitos que serão visitados e registrados, conforme explica Juvandi. Ele, inclusive, já esteve em Mãe d’Água, visitando algumas cavernas e inscrições rupestres, mas deverá retornar para esta outra particularidade, que começa a ser vista como mais um potencial turístico, no contexto da história da terra do poeta Romano. Os nomes das figuras sepultadas no Cemitério do Muquém estão sendo motivo de uma pesquisa, em nível local, cujo resultado fará parte do livro “Mãe d’Água do Romano”, a ser lançado ainda este ano.
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